Torre dos Clérigos

Classificado como Monumento Nacional desde 1910, o conjunto arquitectónico dos Clérigos, devido à sua Igreja e à sua Torre, é um dos principais pontos de interesse, e local de visita para os que se deslocam até ao Porto, sendo um ex-líbris da “invicta”, e um excelente miradouro sobre a mesma.

A Torre, proporciona uma vista deslumbrante sobre a cidade do Porto, a mais de 75 metros de altura, com os seus 225 degraus, sendo que numa perspectiva a 360°, é possível usufruir-se de um momento único, seja de dia ou seja de noite, quando em épocas próprias, a torre abre as suas portas aos seus visitantes até às 23 horas.

O projecto, no seu conjunto, conheceu o início dos seus trabalhos em 1732, no ano seguinte à aprovação do plano do arquitecto italiano Nicolau Nasoni pela Irmandade dos Clérigos, que existia desde 1707, com sede na Igreja da Misericórdia, resultando da fusão de três confrarias.

A igreja e a Torre, integram uma edificação do século XVIII, de inspiração barroca, que marcou a configuração urbana da cidade, localizada numa rua desnivelada, mas, soberbamente aproveitada por Nicolau Nasoni, que conseguiu criar um edifício de referência no Porto. A Igreja e a Torre, estão unidas pela Casa da Irmandade, que desde 2014, após a sua musealização, encontra-se aberta ao público. As características barrocas que definem a Torre dos Clérigos, são a expressão máxima da espectacularidade do barroco, onde os motivos típicos do respectivo estilo, dão à torre movimento e beleza.

As obras da igreja, foram as primeiras, a conhecer o seu andamento, sendo que o projecto da sua construção, da autoria de Nicolau Nasoni, foi aprovado em Dezembro de 1731, na reunião da Irmandade dos Clérigos, tendo as obras da sua construção, arrancado em Abril de 1732, com a abertura dos alicerces, iniciando-se assim, a edificação daquela que viria a ser a primeira igreja em Portugal com planta em forma de elipse.

Os trabalhos de construção da Igreja, foram bastante demorados (com uma interrupção verificada entre 1734 e 1745). No último ano, foi necessário proceder a uma vistoria dos alicerces da fachada, destruindo-se o que existia para se levantar de novo, com bases seguras. Devido ao mesmo facto, a Igreja, ficou totalmente concluída somente em data próxima a 1750, embora, a escadaria de acesso ao portal principal remonte aos anos de 1750-53/1754 ( posteriormente alterada em 1827).

Assim, em 1749, dezassete anos após o início da sua construção, foi dada como concluída a edificação da igreja, no entanto, o seu apetrechamento, e posteriormente, a ampliação da capela, prolongaram por mais uns anos as obras na sua estrutura.

A galeria que circunda a nave, possibilitando observar a Igreja no seu todo, é uma característica singular do monumento. As várias janelas existentes, permitem a entrada de luz, que realça o esplendor da talha dourada, presente na Igreja, criando um bonito jogo de cores com o mármore.

Na mesma, existe a cúpula, que ostenta o brasão de armas da Irmandade dos Clérigos, em granito fingido, e assenta sobre seis pilastras, destacando-se dois púlpitos e duas grades, (os exemplares mais antigos de talha dourada na igreja), abrindo-se quatro altares laterais: o do Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora das Dores, Santo André Avelino e São Bento.

Ao fundo da Igreja, encontra-se a espaçosa capela-mor de forma rectangular oblonga (mais comprida que larga), embelezada com um altar de mármore e um retábulo de inspiração de estilo rococó, com traço desenvolvido entre 1767 e 7180, pelo arquitecto Manuel dos Santos Porto, no qual predomina um trono coroado pela imagem da padroeira, Nossa Senhora da Assunção. Nos flancos do retábulo, destacam-se os co-padroeiros da Irmandade dos Clérigos, São Pedro ad Vincula e São Filipe Néri, duas esculturas de madeira pintadas.

Na mesma capela-mor, encontra-se ao seu lado, o cadeiral e dois órgãos de tubos ibéricos ou “à portuguesa”, cuja construção iniciou em simultâneo, durante o ano de 1774. O cadeiral, foi terminado em 1777 e os órgãos apenas dois anos mais tarde.

Por sua vez, o início da Torre dos Clérigos, remonta ao ano de 1753, em que a pedido da Irmandade dos Clérigos, Nicolau Nasoni, apresentou o projecto para a construção de uma torre sineira, tendo, em1754, arrancado as obras daquela que viria a ser a mais bela e altaneira Torre, dominando toda a paisagem urbana do Porto. Em Julho de 1763, deu-se por finalizada a sua construção, com a colocação da cruz de ferro no topo, e a imagem de São Paulo no nicho sobre a porta.

Existe, na Torre dos Clérigos, um Museu, onde, através do percurso efectuado pela Casa da Irmandade (1754-1758), se chega ao mesmo, propiciando um regresso ao passado, numa experiência de percorrer espaços, que em tempos, foram privados e destinados ao quotidiano da Irmandade dos Clérigos.

A “ Casa do Despacho”, a “ Sala do Cofre” , o “ Cartório” , e a antiga enfermaria, permitem ao Museu, dispor de um acervo constituído por bens culturais de valor artístico considerável, do século XIII até ao século XX, que se estende nas colecções de escultura, pintura, mobiliário e de ourivesaria. Os mesmos bens, pertencem a um património histórico e cultural, cuja função histórica, deu lugar à sua musealização. Na Irmandade dos Clérigos, funcionou até finais do século XIX, uma enfermaria, dedicada ao tratamento dos doentes dos clérigos e que foi convertida num espaço expositivo, presentemente, em actividade.

Em 2014, foi criado um projecto de reabilitação e de valorização do edifício dos Clérigos, proporcionando um renascimento do mesmo, tendo-lhe devolvido o esplendor e beleza criados inicialmente por Nicolau Nasoni, no século XVIII. O projecto, propiciou as condições adequadas para a recepção de visitantes e a musealização dos seus espaços, e ainda, preencher as necessidades estruturais e de acessibilidade, criando-se infraestruturas para tal. Entre as mesmas, um elevador, que não permitindo o acesso à torre, leva o visitante a conhecer o Museu da Irmandade bem como a Sala A+, localizada no último piso do edifício, sendo uma sala inclusiva onde foi colocado um posto de percepção multissensorial que simula a visita ao topo da Torre em tempo real.

Após a concretização do respectivo projecto de valorização, é possível efectuar-se, na Torre dos Clérigos, um percurso interpretativo pelas salas temática- Fundação da Irmandade; Nicolau Nasoni- vida e percurso artístico (1691-1773); Nasoni e a Arquitectura Barroca do Grande Porto, bem como, conhecer-se a história da Irmandade dos Clérigos, a biografia de Nicolau Nasoni e a sua obra.

http://www.torredosclerigos.pt

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