O Paço Ducal de Vila Viçosa é um importante monumento localizado no Terreiro do Paço da Vila de Vila Viçosa, tendo sido durante séculos a sede da Casa de Bragança, uma importante família nobre fundada em 1401, pelo Rei D. João I de Portugal e pelo condestável D. Nuno Álvares Pereira, tendo-se tornado na Casa Reinante em Portugal, a partir de 1 de Dezembro de 1640, quando D. João IV, o 8º Duque de Bragança, foi aclamado Rei de Portugal.
A sua construção iniciou-se em 1501, por decisão do então 4º duque de Bragança, D. Jaime, sendo da mesma época, o claustro e a zona da capela, bem como as actuais salas da Armaria. A decisão da construção do Paço Ducal de Vila Viçosa por parte de D. Jaime, surgiu devido ao facto de o mesmo pretender construir para a Casa de Bragança, (que já se encontrava fixada em Vila Viçosa desde 1461, por decisão do 2º duque de Bragança, D. Fernando), um novo palácio, em substituição do antigo Paço do Castelo.
Tal decisão, deveu-se ao facto de D. Jaime não pretender habitar o Paço do Castelo, por o mesmo estar ligado à memória do seu pai, D. Fernando II ( 3º duque de Bragança) que fora executado em 1483, por ordem do Rei D. João II, que o acusou de traição, tendo a família da Casa de Bragança, ficado sem os seus bens, que foram anexados aos bens da Coroa, e exilada para Castela, de onde regressou em 1496, após a morte de D. João II e com a devolução dos respectivos bens, pelo Rei D. Manuel I.
Em 1535, o primeiro edifício do Paço Ducal de vila Viçosa, edificado e decorado de acordo com um gosto manuelino, foi remodelado pelo 5º duque da Casa de Bragança, D. Teodósio, num projecto que incluía igualmente a praça fronteira, bem como os edifícios religiosos adjacentes, num conjunto pensado como um todo.
O Paço Ducal adoptou então uma linguagem classicista, patente na fachada com janelas lavradas ao modo antigo Romano, num modelo inspirado no Paço da Ribeira de Lisboa.
Ao longo dos séculos XVI e XVII, sucederam-se campanhas de engrandecimento e melhoramento do Palácio, conferindo ao edifício a dimensão e as características actuais, apresentando a fachada com 110 metros de comprimento, única na arquitectura civil portuguesa e revelando a respectiva inspiração clássica.
No final do século XVI, o 7º duque de Bragança D. Teodósio II, fomentou novas obras de ampliação do palácio por ocasião do seu casamento com D. Ana Velasco, tendo sido acrescentado um novo corpo a sul do Paço Velho, designado na época como Cazas Novas.
A obra, originou um edifício de grandes dimensões, com uma monumental fachada maneirista composta por dois registos, um de ordem toscana, e outro, de ordem jónica, à qual, foi acrescentado um terceiro piso, em 1610.
Em 1640, com a ascensão da Casa de Bragança ao trono de Portugal, com D. João IV, o Paço Ducal de Vila Viçosa, passou de residência permanente da primeira família da nobreza nacional, a mais uma das residências reais espalhadas pelo reino.
No reinado de D. João V, em 1716, o respectivo monarca ordenou a realização de novas obras no palácio, que entretanto, somente foram terminadas no reinado do Rei D. José. ( 1750-1777).
O Paço Ducal viria a viver de novo momentos áureos, aquando dos casamentos dos filhos de D. João V (1689-1750) e de D. Maria I (1734-1816) com os filhos dos soberanos espanhóis, seus contemporâneos, episódios conhecidos por Troca de Princesas. Nas respectivas alturas, foram efectuadas novas campanhas de realização de obras, que dotaram o Paço de melhoramentos visíveis no andar nobre, na cozinha e na Capela.
No século XIX, as até então esporádicas visitas da Família Real tornaram-se frequentes, tendo o Paço Ducal sido arranjado sucessivamente nos reinados de D. Luis (1861-1889) e de D. Carlos (1889-1908), com o objectivo de receber com maior conforto a família real e a sua larga comitiva durante as suas excursões anuais.
Após a proclamação da República, em 1910, o Palácio de Vila Viçosa, bem como todos os bens da Casa de Bragança, permaneceram na posse do Rei D. Manuel II, (o último Rei de Portugal), por serem bens familiares do Rei e não do Estado.
Com a implantação da República, o Paço Ducal de Vila Viçosa foi encerrado, tendo sido posteriormente reaberto ao público na década de quarenta como museu, já após a criação da Fundação da Casa de Bragança em 1933, onde se encontrava integrado, por vontade expressa no testamento de D. Manuel II, falecido em Inglaterra, em 1932.
Na época, o Paço recebeu ainda grande parte dos bens móveis, obras de arte e a biblioteca do Rei exilado, provenientes da sua residência, nos arredores de Londres.
No Andar Nobre do Paço Ducal, estão concentradas as colecções de Artes Decorativas, que compreendem colecções de pintura, escultura, mobiliário, tapeçarias, cerâmica e ourivesaria. As peças são valorizadas pelo imponente espaço que inclui frescos e azulejos seiscentistas, tectos em caixotões e pintados, lareiras em mármore com elaborados programas decorativos. A cozinha onde é terminada a visita, apresenta grandes dimensões e uma grande quantidade de utensílios em cobre.
Ao longo dos últimos anos, tem decorrido um intenso programa de conservação preventiva e activa do espaço museológico do Paço Ducal e um grande reforço das colecções através da aquisição de peças de incontestável valor artístico e do restauro de outras que estavam nas Reservas. A dimensão das colecções que alberga, justificou o desdobrar dos núcleos e a opção de visitas temáticas.
O Paço Ducal de Vila Viçosa, dispõe actualmente de quatro núcleos museológicos de excepcional interesse, que são, a Armaria, o Tesouro, as Carruagens e a Porcelana Azul e Branca da China.








